Não se pode negar que o mundo é outro por causa da tecnologia e, principalmente, das redes sociais.
Evoluímos 10 anos em 2.
Talvez 20.
Como profissional da educação, vou ainda mais longe.
Não se trata apenas da facilidade de acesso ao conhecimento, mas de uma transformação cultural que coloca em pé de igualdade estudante e professor.
Nos tempos de hoje, quem é mestre de quem?
Aprender nunca foi tão fácil, mas ao mesmo tempo, nunca foi tão difícil escolher o que aprender dada a variedade de opções que temos a um clique de distância.
Seja uma língua, uma profissão, História, Geografia, programação, design…
Qualquer pessoa com um pouco de dedicação diária e persistência para não perder o foco pode se tornar um excelente profissional em qualquer área.
De mamando a caducando, todos podem desenvolver novas habilidades e ampliar a sua visão de mundo graças à Internet e às redes sociais.
E como a escola fica nisso?
A educação brasileira, que sempre teve dificuldade de acompanhar o mundo fora das quatro paredes da sala, hoje enfrenta mais um dilema.
Segundo um relatório publicado pela Unicef em 2021, por conta da pandemia, a educação brasileira sofreu uma regressão de uma década. [1]
Do mesmo modo, durante o período de confinamento, o número de brasileiros conectados disparou.
O Brasil é o 5° país do mundo em número de usuários de Internet [2], com cerca de 90% dos domicílios tendo acesso à rede.
Um estudo feito pela TIC Kids Online 2021 mostrou que 78% das crianças e jovens brasileiros utilizam diariamente alguma rede social. [3]
Dado esse impacto das redes sociais na nossa vida, surge a pergunta:
Como competir com vídeos animados no YouTube ou em redes sociais como Instagram e Tik Tok, onde prevalece a informação rápida, superficial e muitas vezes supérflua?
Não vou entrar aqui na discussão dos males e benefícios causados pelo uso excessivo dessas redes, mas será que ainda é válido o discurso de que “esses jovens não querem nada com a vida“?
Afinal, no nosso tempo também ouvimos isso da geração anterior. E hoje estamos aqui.
No entanto, a distância de comunicação entre uma geração e outra era muito grande.
Hoje, várias gerações têm voz e vez no espaço digital.
Ao mesmo tempo.
Desde o nerd otaku ao conservador de direita, todos tem seu espaço e possibilidades de escolher e fortalecer suas tribos (como diz o publicitário americano Seth Godin).
O mercado aprendeu a lição
Mudar de postura para acompanhar os novos tempos é inevitável.
Vejamos o exemplo do mercado.
Como forma de se manter competitivas, as empresas têm se esforçado para acompanhar as mudanças da sociedade.
Entender o comportamento do consumidor, seus gostos, preferências ou necessidades para criar melhores produtos, ofertas e experiências.
Com as redes sociais, essa mudança têm sido cada vez mais rápida, com uma participação mais direta do consumidor.
Assim como o mercado tem feito, não seria a vez da escola admitir que seu público está mais online do que nunca e se adaptar a essa nova realidade?
Tentar entender o comportamento do seu público na Internet (e também nas redes sociais) é um primeiro passo para diminuirmos a distância entre teoria e prática.
Eu sei que esse discurso é antigo, mas não somos nós mesmos quem dizemos que “é preciso conhecer a realidade dos nossos estudantes”?
Pois é. Hoje em dia ela também se baseia em likes.
Ótima reflexão!
Digna de investigação e seriedade.
Parabéns, nobre escritor
Grato pelo comentário, mestre. Qual o principal obstáculo para chegarmos a colocar isso em prática, na sua opinião?